O restaurante Ramon, à altura o mais antigo de Vila do Conde em atividade, abriu portas pela última vez no dia 5 de Outubro de 2020. Com reabertura prevista para o dia 28, após um período de férias, a gerência comunicou o seu encerramento definitivo com uma publicação no Facebook.
Bem perto da pensão onde Ramon trabalhava, existia neste tempo a Casa da Recoveira. Ramon enamorou-se pela filha dos donos e aí fundariam o restaurante Ramon, com a abertura de portas a 1 de Abril de 1956.
Esta casa figura nas fotos e postais mais antigos desta zona da cidade, desde o início do século XX, quando alojava o “estabelecimento de mercearia por junto e a retalho”, de José Teixeira da Silva, um dos fundadores da Associação Comercial de Vila do Conde. A casa térrea imediatamente a sul era a tinturaria do mesmo dono, aumentada na segunda década do século com um 1º piso, onde se instalaram os Armazéns de São João (ou Armazém de São João), de Ilídio d’Oliveira Taipa, a Livraria da Graça, e onde hoje se situa o pronto-a-vestir Duarte.
Não encontrei qualquer referência coeva à inauguração do restaurante em 1956, nem qualquer publicidade da Casa da Recoveira nos periódicos locais (por esta altura apenas o jornal “Renovação”), mas o facto poderá encontrar explicação no artigo referente à abertura de uma segunda casa de restauração de Ramon Romero, em Junho de 1968. Aí se diz que a abertura da “Esplanada Ramon”, na Praça de São João, e que uniu três dependências do mercado, não teve “espalhafatos inaugurais, nem pomposas propagandas, antes com a modéstia quase tímida do seu proprietário”, o que poderá desvendar o “mistério” da quase ausência de publicidade da casa durante décadas.
O fundador do restaurante faleceria em 1981, com apenas 53 anos de idade.
Depois de duas renovações nos últimos anos, o Ramon acabou por fechar as portas no pior ano de que há memória para o turismo e restauração.