Rua Bento de Freitas – 1910

Uma gericada no Bairro Balnear
Bairro Balnear – uma gericada

Este era o aspeto da “Rua Bento de Freitas” no ano de 1910, à entrada dos jardins da Avenida Júlio Graça.

O cliché de Thadeu Neves, publicado na “Illustração Villacondense1, mostra uma gericada, um simples passeio/desfile de burros em frente ao Hotel da Avenida, entre outras fotos do Bairro Balnear. Como curiosidade, a edição terá sido de Marques Abreu, que também editou e contribuiu com dezenas de fotografias para as publicações do prior de Vila do Conde, Monsenhor José Augusto Ferreira: “Villa do Conde e Seu Alfoz“, “Os Túmulos de Santa Clara de Villa do Conde” e “A Arte em Portvgal” nº 3.

A Rua Bento de Freitas, que se estendia da praia até ao hospital, seria mais tarde dividida em duas partes de quase idêntica distância: Avenida Bento de Freitas a poente, Avenida Doutor Artur da Cunha Araújo a nascente.

Do lado esquerdo, a primeira casa mantém-se, embora o piso térreo esteja completamente transformado. O primeiro andar parece que não terá sofrido grandes alterações.

O segundo edifício, o Hotel da Avenida, daria lugar ao belíssimo Palace Hotel em 1920, que por sua vez seria substituído pelo Palácio Hotel, o edifício que vemos hoje, em 1960.

Do outro lado da estrada ainda se vêm duas casas: a denominada “Villa Maria”, segundo a mesma publicação, e a casa da família Casalinho, onde no rés do chão funciona a loja com o mesmo nome. Ambas mantêm a configuração original, embora a primeira tivesse perdido grande parte do seu terreno, que se estendia até ao fim do quarteirão a poente, para dar lugar a novas urbanizações (onde se encontra a “Mercearia Torres”).

Do lado direito vê-se um edifício que estaria nesta época abandonado, sendo adquirido e reformado pela “Companhia Portugueza de Turismo” em 1917, para aí se alojar o Casino de Vila do Conde, configuração que se mantém até hoje. Depois de várias décadas como Colégio de São José, alberga hoje o Centro Municipal de Juventude.

A seguir vêem-se algumas das casas térreas construídas na década de 1880 por Manuel Araújo Pimentel2, que deram lugar a novos prédios de habitação e comércio em finais da década de 1980.

No chão, vêem-se os carris do “Americano”, carros puxados por cavalos que faziam a ligação da praia até à estação dos caminhos de ferro e à vizinha Póvoa de Varzim.

O aspeto do mesmo local, hoje em dia.

  1. Illustração Villacondense nº 7 (Julho de 1910) p.4
  2. Marta Miranda – O Bairro Balnear (2015) p.38
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