Arcos

Brasão de Arcos
A espada e balança de do orago São Miguel
e a ponte românica sobre o rio Este

Arcos é uma das antigas trinta freguesias do concelho de Vila do Conde. É hoje parte da União de Freguesias de Rio Mau e Arcos, por reforma administrativa de 2013.

A par da vizinha Bagunte, Arcos é uma das duas únicas freguesias do concelho de Vila do Conde que compreendem duas povoações castrejas identificadas, o que atesta o interesse histórico desta localidade no limite norte do concelho.

Nem sempre Arcos fez parte do concelho de Vila do Conde. A freguesia foi anexada pela reforma administrativa de 6 de Novembro de 1836, sendo até aí integrada no concelho de Barcelos.

A mais antiga referência a Arcos encontra-se no Censual de Entre Lima e Ave organizado pelo bispo D. Pedro entre 1085 e 1091, onde consta com o número 37 (Sancto Micahel de Arcos).

No século seguinte, encontra-se também na carta de couto outorgada por D. Afonso Henriques ao seu vassalo Paio Guterres a 25 de Março de 1136. O couto de Paio Guterres, cuja posse foi transferida no final do século para o Mosteiro de São Simão da Junqueira, atingia o seu limite a norte no “cômoro que se encontra ao lado da lagoa de Arcos”.

Título da Carta de Couto de Paio Guterres e referência a Arcos (treslado de 1743)
Tombo Do Real Mosteiro De São Simão Da Junqueira: Livro Segundo: Doações, Testamentos e Provisões Reais fl.31

Embora o topónimo seja de origem incerta, é bastante provável que tenha origem numa construção de dimensão apreciável, cuja relevância terá dado o nome ao lugar, paróquia e freguesia. Imediatamente vem à memória a atual ponte de três arcos. Apesar de esta ponte ter sido provavelmente construída após a redação dos documentos referidos, nada impede que tivesse existido anteriormente uma outra que originasse o topónimo que perdura até aos dias de hoje.

Antes das datas mencionadas, existem várias referências ao Castro de Argifonso, no Alto do Castelo ou dos Caramouchos, cuja localização foi identificada no final do ano de 1940 pelo Padre Fontes, pároco da vizinha freguesia de Bagunte.

Acrópole do Castro de Argifonso
Acrópole do Castro de Argifonso

O mais antigo documento conhecido a referir o Castro de Argifonso data de 18 de Outubro de 985, quando Dulcevida vende o prédio rústico de Fiqueirola (Figueiró) a Vermudo Trudinis por vinte soldos, localizado no sopé do “castro de Argefonsi”.

 Mosteiro Do Salvador De Moreira 0907/1789 Documentos Relativos Ao Exercício Da Jurisdição, Às Igrejas E Às Propriedades Do Mosteiro
Tombo do Mosteiro do Salvador de Moreira
Documentos Relativos ao Exercício da Jurisdição, às Igrejas e às Propriedades do Mosteiro – maço 1, doc.30

Para além do Castro de Argifonso, a freguesia de Arcos engloba também uma outra povoação castreja de menores dimensões e a uma cota inferior. Foi identificada por Carlos Alberto Brochado de Almeida durante a execução do Plano Diretor Municipal em 1992. Não se encontrando qualquer paralelismo entre este povoamento pré-romano e os castros referenciados em documentos medievais, tomou o nome de “Castro de Casais” pela localização no lugar do mesmo nome, topónimo bem mais recente que derivará de uma maior agregação de habitações.

O monumento existente que conquista o título de ex-libris de Arcos é sem dúvida a já referida ponte de tipologia românica, com três arcos de volta perfeita, denominada simplesmente de “Ponte de Arcos” ou “Ponte de São Miguel de Arcos“. Não se sabendo a data exata da sua construção, será provavelmente tardo-medieval e terá hipoteticamente substituído a que deu o nome à freguesia. A inscrição “1144”, gravada num silhar de uma das guardas da ponte, não é coeva e não tem fundamento material ou documental. Nada impede, no entanto, que a ponte atual apresente vestígios do reaproveitamento de construções anteriores.

Igreja de São Miguel de Arcos

A Igreja de São Miguel de Arcos foi construída em 1855, substituindo uma anterior, homónima, situada um pouco a sul da atual.

No terceiro quartel do século XIX, existiu uma “febre do ouro” em Arcos, o que se pode inferir pelos pedidos de exploração de minas de ouro nos lugares de Moldes e Casais entre 1861 e 1863, documentos disponíveis no Arquivo Distrital do Porto. Como é facilmente constatável, nenhuma das explorações obteve o efeito pretendido.

Para além da igreja paroquial, Arcos possui um outro edifício religioso, a Capela de Nosso Senhor dos Desamparados, reconstruída em 1880.

Capela de Nossa Senhora dos Desamparados

Uma outra capela, particular e dedicada a Nossa Senhora da Conceição, encontrava-se na Quinta da Torre. Não resistiu à voragem dos tempos, restando apenas ínfimos vestígios.

 

Personalidades ilustres de Arcos:

José Fernandes de Faria Machado, primeiro e único Visconde de Faria Machado

– D. António Bento Martins Júnior, Arcebispo Primaz de Braga

 

Ligações:

Castro de Argifonso
Castro de Casais
Ponte de São Miguel de Arcos
Igreja de São Miguel de Arcos
Minas de ouro em Arcos
Capela de Nosso Senhor dos Desamparados
José Fernandes de Faria Machado
António Bento Martins Júnior

COMPARTILHAR
Subscribe
Notify of
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments